A “pescaria”
A pedidos da Luiza, vou postar aquela história de quando eu fui pescar e um gato me mordeu. Começo dizendo que ela tem mais a ver com a “pescaria” do que com a mordida do gato. Então lá vai:
Na noite anterior eu tinha ido dormir às três da manhã. Às seis e meia vem meu tio todo animado me tirar do meu conforto. Então, entramos no gol dos meus tios, que está cheio de comida no porta-malas, e nele vamos até a casa da mãe do meu tio, onde encontramos meu outro tio.
Tudo acertado, todos, tios, primos, acomodados. Aí vamos até Pirapora, pela Castelo Branco, agüentando o bom cheiro do Tietê o caminho inteiro. E eu morrendo de sono, mas não podendo dormir porque no banco de trás comigo vinham os meus primos pequenos que não paravam quietos. E ainda por cima tava o maior calor.
Depois de uns 40 minutos rodando, chegamos no pesqueiro. A primeira coisa eu fica na cabeça é o nome do tal pesqueiro: Mathú. Isso mesmo, com “h” e acento agudo. O nome era o de menos. Tivemos que parar o carro em cima dum morro, porque não podíamos deixar perto dos lagos. Conseqüentemente, para chegarmos ao carro tínhamos que andar um monte. E para voltar outro monte. E o calor não dava trégua. Eu e meu irmão pegamos umas varas de bambu, porque os outros já tinham as suas varas bonitinhas. Descemos para o lago maior. Aqui começou a agitadíssima maratona da pescaria.
Todos eufóricos, colocando pás de isca nos anzóis:
— Eba, eba, vamos pegar peixes!
Acabando os preparativos as pessoas sentaram. E sentaram. E sentaram...
...
Uma hora depois as pessoas levantam as varas e constatam que os peixes comeram suas iscas. Pois é. Mas elas não se deixam abalar, e põe mais iscas.
Agora as pessoas levantam as varas mais constantemente e sempre constatam que os peixes comem a isca sem morder o anzol. Nisso meu irmão pega um lambari de 20g. Nota: o anzol entrou na boca do peixe e saiu pelo OLHO. E o mais engraçado foi que quando o meu tio tirou o anzol o olho saiu pela boca do peixe. O mais impressionante é que o peixe saiu nadando todo contente devido à isca que comeu.
Então continuamos nessa dos peixes comerem as iscas sem morderem os anzóis. Até que meu tio teve a brilhante idéia de trocar o anzol por um menor. Com isso ele pegou dois. Dois peixes do tamanho do peixe do meu irmão. E depois desses dois peixes, a isca do meu tio continuou a sumir “misteriosamente”, como se os peixes que meu tio pegou (é claro que ele os soltou) tivessem contado para os outros que o anzol era menor agora. Tá, tá, é claro que não. O que importa é que ele pegou só dois peixes nas outras seis horas.
Então mudamos de lago. E o pior é que no outro lago, nem morder a isca os peixes mordiam. Então, depois de umas três horas de sentação, calor, sono e monotonia – a única atividade divertida que encontrei no pesqueiro foi ficar arremessando uma vara de molinete do meu tio – eu disse a frase salvadora:
— Tio, vamos embora, não tem peixe.
E ele: “Tá!” e tchau, ora?
Não, não. Ele: “É. Deixa a minha isca ser comida e aí vamos.”
hehehe
Então mudamos de carro. E a volta foi pior que a vinda. Eu vim sentado atrás entre dois adultos, a minha tia e a mãe do meu tio. E o calor matando. Aí meu outro tio, no outro carro, encosta e diz pro meu tio (o do meu carro):
— Conheço um outro pesqueiro aqui perto. Vamos passar lá?
E eu querendo esganar ele.
Então fomos no outro pesqueiro: Uma maravilha. Perfeito. Vários lagos, várias cousas, decks, pontões e banquinhos para pescar... Até piscina tinha! E eu pensando: “Por que diabos não viemos aqui?” e querendo esganar meu tio mais ainda. Aí vi deitada no chão uma gatinha (o animal, seus tarados) linda, tigrada, amarela. Claro que ninguém resiste à tentação de acarinhar uma coisinha dessas. O problema é que enquanto eu estava no meio da maior festinha ela me agarra e me morde MUITO forte.
E as minhas tias ficaram histéricas, porque começou a sangrar. E elas queriam ir embora. E eu fiquei muito feliz com isso, mesmo com a mão sangrando e doendo.
E finalmente chegamos em São Paulo, agüentando na volta o cheiro do Tietê e o calor escaldante. E eu quase caindo de sono.
Enfim: não pegamos nenhum peixe, fomos num pesqueiro horrível, uma gata me mordeu (o ANIMAL, seus tarados) e eu capotei às 7 da noite. E no fim, não precisei tomar vacina, a gatinha estava bem cuidada.
Ivan Zurawski -
03:00